Siza Vieira lembra que Portugal vai ter 45 milhões de euros dedicados à transição climática

A próxima década é aquela em que o esforço terá de ser maior: “Vamos ser cada vez mais confrontados com a necessidade de adequar o nosso modelo de produção às exigências de preservação do planeta”. A “descarbonização das atividades humanas e das indústrias”, o “reaproveitamento de materiais”, os “novos materiais que sejam capazes de aproveitar aquilo que é produto da atividade” mas também que sejam mais “amigos do ambiente” e mais fáceis de “assegurar a sua colocação no meio ambiente após a utilização” são alguns dos desafios que Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, salientou ao longo da sua intervenção.

O ministro falou, esta quinta-feira, na conferência virtual “Por uma Europa Verde – O Contributo das Empresas Portuguesas”, promovida pela CIP (Confederação Empresarial de Portugal), em parceria com a EY-Parthenon.

O esforço terá que ser, acima de tudo, no sentido da “descarbonização” e no sentido de “acentuar as linhas para a circularidade da economia” e terá que ser feito “preservando a capacidade produtiva”, em particular em Portugal e na Europa: “Se queremos manter uma liderança europeia, se queremos tornar a Europa um continente menos sujeito às disrupções das cadeia de valor mundiais em função de qualquer evento fora do nosso controle, temos que preservar a nossa capacidade de produzir bens físicos na Europa e na sua imediata proximidade”. E o esforço, atenta Siza Vieira, é um esforço que vai envolver por parte do tecido empresarial, dos Estados e do sistema científico e tecnológico, “grandes esforços de inovação” que se  traduzirá no desenvolvimento de “novos materiais, os biomateriais”, na “reintrodução na cadeia de valor de um conjunto resíduos da nossa atividade” e “lidar com o problema incontornável que é o da substituição do plástico num conjunto muito vasto da atividade humana”. E tudo isso vai exigir “não só inovação e   capacidade aplicar conhecimento nesse desenvolvimento”, como também “uma grande capacidade das empresas e indústrias se adaptarem a este processo”, sucinta.

E para que os desafios e metas sejam bem sucedidas, o ministro de Estado e da Economia lembra que a Europa tem na próxima década um “conjunto muito vultoso de recursos financeiros” à disposição dos Estados-membros para permitir que a economia, a sociedade e as empresas façam essa adaptação. No caso de Portugal, Siza Vieira destacou o “envelope adicional” que corresponde ao Plano de Recuperação e Resiliência nacional no contexto do programa Next Generation EU, onde “37% das verbas comunitárias”, que no acumulado da década, “representam mais de 45 milhões de euros para Portugal”, que têm de ser dedicadas ao objetivo da transição climática, com um foco muito grande na descarbonização, mas também na transição para uma economia circular: “As empresas estão já a fazer os seus planos de transformação e o nosso sistema científico e tecnológico está a ser convocado para participar neste grande esforço de inovação”. Como nota final, o ministro felicitou o “desenvolvimento de um sistema de monitorização e de avaliação das práticas das empresas nesta matéria”, considerando que “sem medirmos exatamente o que estamos a fazer, não conseguimos atingir os resultados a que nos propomos”.

A conferência, que teve como foco discutir os desafios da Economia Circular no contexto empresarial nacional, identificando oportunidades e barreiras ao desenvolvimento de uma economia sustentável em Portugal, contou com a presença de Inês dos Santos Costa, secretária de Estado do Ambiente.