Em Portugal, dezenas de comunidades rurais enfrentam projetos de mineração, megacentrais fotovoltaicas e eólicas, barragens, resorts e outras grandes obras, monoculturas e outras formas de destruição ambiental e injustiça territorial. “A maioria destes projetos acontece sem consentimento e sem retorno para as comunidades que lá vivem e trabalham. A urgência climática e a transição energética estão a ser instrumentalizadas para justificar novas formas de colonização rural, em nome de uma ideia de progresso que não serve as pessoas nem respeita os ecossistemas”.
Contra este modelo de crescimento extrativista, surge um movimento que quer partilhar os recursos certos no momento certo com as resistências locais, para proteger os territórios e os modos de vida ameaçados. A BRAVA nasce para inverter a lógica que privilegia o lucro em detrimento da vida e transformar a resistência em projetos concretos, ligando quem pode ajudar a quem está na linha da frente — coletivos locais, movimentos de base e comunidades que enfrentam diretamente estas ameaças aos seus territórios e modos de vida.
Através do fundo de resistência rural, a BRAVA pretende financiar coletivos em luta de forma transparente, autogerida e solidária. São reunidas doações numa conta comum e, a cada três mil euros angariados, abre-se o processo de atribuição de apoio. Para decidir como distribuir os fundos entre os pedidos recebidos, é sorteado um júri entre quem contribuiu, independentemente do valor doado. O júri reúne-se uma única vez e, depois, dissolve-se. O apoio segue diretamente para quem resiste no território, sem burocracias nem intermediários.
A rede de apoio mútuo junta competências, contactos e saberes, para que ninguém tenha de começar os esforços de resistência do zero. Guilherme Serôdio, porta-voz da BRAVA, explica que “a transição energética não pode ser uma transição extrativista — a justiça climática tem de ter raízes nos territórios que sempre cuidaram dos valores ecológicos”.
A BRAVA apresenta-se ao público no próximo sábado, dia 29 de novembro, às 16h30, no Centro Cultural e Comunitário Jardins do Bombarda, em Lisboa.







































