Carlos Rodrigues, diretor comercial da Aquapor, esteve à conversa com a Ambiente Magazine para dar a conhecer a renovação do portefólio do grupo que, neste momento, é um full-service provider na prestação de serviços de água. Com isso, a Aquapor tornou-se cada vez menos dependente de subcontratações e é hoje mais competitiva, a nível de preço e tempo.
Como descreve o momento atual da Aquapor após esta renovação do portfólio?
Ao longo dos últimos anos, mais concretamente desde 2019, o mercado principal da Aquapor tem estado estagnado, devido à ausência de concursos públicos nesta área de atividade. Perante este contexto, a empresa optou por diversificar a sua atuação, investindo em áreas complementares que integram toda a cadeia de valor do setor da água: conceção, construção, operação, manutenção e monitorização de sistemas de captação, tratamento e adução de água potável, bem como de recolha, tratamento e rejeição de águas residuais.
Desta forma, tornámo-nos o único operador em Portugal a cobrir todos os segmentos de desenvolvimento de negócio neste setor específico, oferecendo uma abordagem integrada, sustentável e circular, assente na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e recursos.
Que importância tem para a empresa passar a ser considerada um full-service provider na área da água?
A criação de um conceito multidisciplinar de prestação de serviços altamente especializados, assente numa engenharia diversificada, permite ao grupo enfrentar a estagnação de um setor de atividade fortemente politizado. Esta abordagem tem possibilitado a oferta de serviços de elevado valor acrescentado, potenciando os recursos humanos existentes e assegurando a consolidação da estratégia de diversificação internacional, alavancada pelo acionista Saur.
O que motivou a aquisição da CTGA e da Enviman no grupo, e que benefícios trazem para os clientes?
Num mercado com crescimento orgânico limitado — segundo o GWI, em 2024 estimava-se um aumento de apenas 4% em OPEX e uma queda de 8% em CAPEX — as operações de M&A tornaram-se fundamentais para sustentar o crescimento da Saur em Portugal. Para além da vertente financeira, foram definidos dois objetivos estratégicos: reforçar a liderança no segmento de O&M e adquirir competências na área de projeto de engenharia, através da integração de empresas de referência, bem como serviços técnicos de apoio à atividade, como gestão de redes e manutenção especializada.
A entrada na área de Estudos e Projetos representa uma nova etapa. Pode explicar em que consiste este serviço?
A área de Estudos e Projetos de Engenharia Hidráulica e Sanitária representa a recuperação de uma função estratégica na qual o grupo Aquapor havia vindo a desinvestir. No entanto, com a integração no Grupo Saur, em 2021, grupo para o qual a conceção e construção constituem o core business e com o qual passámos a ter acesso a tecnologia de ponta através das subsidiárias Stereau e Nijhuis, tornou-se essencial reforçar esta área com recursos humanos altamente qualificados em Portugal.
A estratégia passou pela aquisição de uma empresa de referência, que, além de dispor desses recursos especializados, apresenta um excelente histórico de desempenho nesta área.
De que forma este reforço no portfólio de serviços torna a empresa mais competitiva em termos de preço, tempo e processos?
De acordo com a experiência prática e a bibliografia existentes, apresentar um portefólio diversificado de serviços em contextos de estagnação de mercado permite realocar engenharia altamente especializada para outros projetos, potenciando simultaneamente os níveis de insourcing e cross-selling, em toda a dinâmica comercial e operacional da Aquapor.
Em termos de preço, tempo e processo, os benefícios são imediatos tanto para a gestão interna como para os serviços prestados. Por um lado, permite o aumento da cobertura territorial e uma maior agilidade e robustez nas ações de proposta e execução da estratégia comercial e, por outro, permite-nos ter uma oferta mais diferenciada para os nossos clientes.
Que impacto espera que esta nova estratégia tenha na relação com os clientes atuais e futuros?
O backlog e a base de dados de clientes aumentaram inevitavelmente com a integração de várias áreas de negócio, através de estratégias de cross-selling horizontal e vertical. Este crescimento induziu uma mudança profunda na forma como encaramos as ações comerciais e operacionais, levando à criação das figuras de Key Account Manager, responsáveis pela gestão dos principais clientes de forma transversal, cobrindo todas as áreas de negócio, evitando falhas de resposta e antecipando ações futuras de criação de valor.
Quais são os principais objetivos da Aquapor para os próximos anos?
Num contexto de crescimento orgânico limitado no setor da água, a Aquapor definiu uma estratégia focada na consolidação de segmentos-chave, exploração de novas áreas de negócio e diversificação geográfica. O plano de crescimento assenta na criação de sinergias operacionais e comerciais, reforçando a capacidade interna através de insourcing e cross-selling.
A aposta em soluções sustentáveis, como a circularidade e a dessalinização, posiciona o grupo como um agente ativo na transição ecológica. Paralelamente, a entrada em concessões no Brasil representa uma oportunidade estratégica para reforçar o backlog e expandir a presença internacional.
Através da aquisição de empresas de referência e da reorganização comercial com Key Account Managers, a Aquapor está a fortalecer a sua proposta de valor, garantindo maior eficiência, cobertura territorial e capacidade de resposta integrada às exigências do mercado.
A aposta em ser um full-service provider é uma resposta a tendências do setor ou uma visão estratégica de longo prazo?
A aposta numa plataforma de multisserviços representa uma alavanca estratégica de curto e médio prazo para o Grupo Saur, centrada na valorização da excelência dos nossos recursos humanos em engenharia. Esta abordagem permite não só colmatar lacunas operacionais como também expandir a nossa presença em mercados líderes, em geografias distintas, reforçando a produtividade, a capacidade de resposta e a agilidade no arranque de operações de grande escala.
Em Portugal, esta estratégia tem um impacto direto na motivação e satisfação das nossas equipas, que passam a integrar projetos de referência mundial na área ambiental. Num contexto nacional marcado pela limitação da participação do setor privado, esta visão internacional permite desbloquear oportunidades, projetar talento e afirmar a Aquapor como um operador de excelência, preparado para liderar com inovação e sustentabilidade.








































