A Coopérnico lançou o maior investimento da sua história, até 900 mil euros, totalmente financiado pelos seus membros, para concorrer à instalação de sistemas fotovoltaicos em edifícios municipais de Braga. Pela primeira vez, cidadãos organizados através de uma cooperativa juntam-se a empresas privadas num concurso público de grande dimensão.
O objetivo do projeto é instalar sistemas fotovoltaicos para autoconsumo (UPAC) em coberturas de edifícios municipais. Independentemente do resultado do concurso, a mobilização já representa um passo decisivo: centenas de cidadãos estão a unir poupanças individuais para um objetivo comum – apoiar a produção descentralizada de energia limpa em benefício da população.
Para João Crispim, presidente da Coopérnico, a decisão de concorrer ao concurso público da Câmara Municipal de Braga “reflete a missão da cooperativa, que não tem fins lucrativos: apoiar a produção de energia renovável em edifícios públicos, colocando os cidadãos no centro da transição energética e permitindo que participem em algo que, individualmente, seria impossível. Este modelo gera benefícios que vão além do retorno financeiro – promove maior coesão social, reforça a ligação entre cidadãos e territórios e assegura que a transição energética traz valor direto às comunidades”.
O montante global previsto de até 900 mil euros, é financiado através de suprimentos dos cooperantes, a partir de 250€, com uma taxa de juro bruta de 2,75% ao ano. A experiência da Coopérnico mostra que todos os investimentos anteriores foram subscritos em minutos, demonstrando a confiança dos cooperantes no modelo. O novo projeto, por ser o maior de sempre, permitirá alargar ainda mais a participação a um número maior de cidadãos.
O investimento foi aberto terça-feira, dia 16 de setembro. Caso a proposta da Coopérnico não vença o concurso, ou se por qualquer outra razão não produzir efeitos, o valor investido será devolvido na íntegra no prazo de duas semanas.
A Coopérnico apela ainda à necessidade de mudar a forma como os concursos públicos avaliam propostas desta natureza. “O preço não deve ser o único critério. É fundamental considerar os benefícios sociais e comunitários de projetos que envolvem cidadãos diretamente na transição energética”, defende João Crispim. “Tal como os orçamentos participativos dão aos cidadãos voz e decisão sobre recursos públicos, também este modelo dá a oportunidade de pôr as poupanças individuais ao serviço da comunidade, valorizando-as em conjunto e reforçando a identificação com o poder local”.









































