Por Ana Carvalho, Responsável de Suporte a Operações e Consultoria Especializada da Aquapor
No dia 18 de setembro, celebra-se o Dia Mundial da Monitorização da Água, uma data que nos convida a refletir sobre a importância da qualidade da água que consumimos e utilizamos todos os dias. Assinalar este dia é reconhecer que a água é um bem comum, finito e essencial. Mais do que uma efeméride, este é um dia de apelo à ação.

Em Portugal, os dados disponíveis não nos permitem ficar indiferentes. Os Relatórios de Estado de Ambiente (REA) têm vindo a evidenciar um cenário preocupante, mostrando que a qualidade da água nos nossos rios, lagos e albufeiras está a piorar. De acordo com a Diretiva-Quadro da Água, apenas 47% das massas de água no nosso país se encontram em bom estado. E entre 2015 e 2021, a situação agravou-se, registando-se uma redução de cerca de 7% na qualidade das águas superficiais e de 19% nas subterrâneas.
Estes números não são apenas estatísticas, mas um alerta para a forma como estamos a gerir os nossos recursos hídricos. Continuar a adiar decisões pode, assim, colocar em causa o acesso das futuras gerações a água de qualidade.
Neste contexto, as entidades gestoras dos serviços de abastecimento público de água e de saneamento assumem, assim, um papel fundamental na melhoria da qualidade da água, nomeadamente através da implementação de um conjunto de medidas, como por exemplo Planos de Segurança de Saneamento, seguindo as metodologias recomendadas pela Organização Mundial da Saúde e pela ERSAR.
Ainda assim, de acordo com dados da ERSAR, em 2023, apenas 3,5% das entidades gestoras em baixa em Portugal Continental tinham um Plano de Segurança do Saneamento. Trata-se de número extremamente reduzido face à importância destes planos na proteção da saúde pública e do ambiente. É, por isso, urgente que, a curto prazo, muitas mais entidades avancem com a sua implementação efetiva, pois não podem ser encarados como meras formalidades, mas sim ferramentas fundamentais para garantir um sistema de saneamento seguro, resiliente e sustentável.
Estes planos consistem numa abordagem preventiva e integrada, que inclui a avaliação de riscos ao longo de todo o sistema, a identificação de perigos e definição de medidas para os mitigar, a implementação de controlos eficazes e ações de melhoria, formação contínua dos profissionais envolvidos, e monitorização constante com registo e reporte às autoridades competentes. Neste sentido, é assim possível prevenir falhas que possam causar impactos ambientais ou à saúde e melhorar a eficiência operacional e a resiliência dos sistemas, contribuindo também para o cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável n.º 6 – Água Potável e Saneamento para Todos.
Que esta efeméride sirva, assim, de inspiração para que todos – entidades e cidadãos – se envolvam na proteção ativa da água, não apenas em setembro, mas em todos os dias do ano, em prol de um futuro mais sustentável.









































