Por Aroa Ruzo, Country Manager Portugal, Schneider Electric
Vivemos numa era de desafios globais sem precedentes, marcada pela urgência climática, a crescente pressão sobre os recursos naturais e a necessidade inadiável de descarbonizar a economia. Neste cenário, o setor da energia enfrenta uma transformação profunda e acelerada. De facto, a transição energética já não é apenas uma meta para o futuro – é imperativa no presente.
Dois fatores apresentam-se como fundamentais neste processo: a eletrificação do consumo e a digitalização dos sistemas energéticos. Em conjunto, formam a base de uma resposta estruturada à necessidade de descarbonizar, aumentar a eficiência e garantir resiliência energética, para que possamos garantir um futuro mais sustentável.
Neste contexto, na Schneider Electric temos investido em soluções tecnológicas que cruzam software, eletrificação e sustentabilidade, assumindo um papel ativo na transformação do setor. Mais do que apenas oferecer produtos, a nossa ambição passa por permitir aos clientes industriais, gestores de edifícios, de Data Centers e de infraestruturas fazerem mais na sua área de atuação, mas consumindo menos energia. Pretendemos, assim, reduzir o impacto ambiental através de ferramentas digitais inteligentes que garantem a eficiência e a utilização sustentável da energia.
A Inteligência Artificial enquanto aceleradora da transição
A digitalização, mais do que nunca potenciada pela Inteligência Artificial (IA), está a redefinir a forma como gerimos e consumimos energia. Os sistemas de IA, combinados com plataformas de análise de dados, permitem prever padrões de consumo e otimizá-lo, tomar medidas para gerir a energia em tempo real, antecipar falhas nos equipamentos, maximizar o rendimento dos ativos e analisar os dados de consumo sob uma perspetiva macro.
A digitalização capacita a tomada de decisões mais informada, e é particularmente crítica em ambientes complexos – como por exemplo o dos Data Centers, que enfrentam hoje o duplo desafio de suportar cargas de trabalho de IA cada vez mais exigentes e, ao mesmo tempo, manter padrões de sustentabilidade elevados, sendo uma área que apresenta grandes consumos energéticos. Na verdade, segundo a Agência Internacional de Energia, atualmente os Data Centers são responsáveis por 1.5% do consumo global de eletricidade, mas este é um valor em alta e que tenderá a subir com o passar dos anos. As previsões indicam mesmo que até 2030 esta percentagem subirá para o dobro, caso não sejam aplicadas práticas atempadas e eficazes de eficiência energética.
A IA, quando utilizada de forma ética e com supervisão humana, torna-se uma poderosa aliada para acelerar a transição energética e atingir metas de net zero, permitindo – entre muitos outros exemplos – a monitorização contínua do consumo e adaptação das definições dos equipamentos em tempo real, escalando a operação segundo o necessário, mas com uma menor pegada ambiental. Assim, tudo isto não pode passar por digitalizar ou automatizar irrefletidamente – pelo contrário, trata-se de tomar decisões mais inteligentes e sustentáveis.
Portugal no caminho da transição: prioridades e oportunidades
Por entre toda esta complexidade, têm-se registado progressos relevantes no panorama energético português, com uma forte aposta na incorporação de energias renováveis e com a definição de metas ambiciosas para os próximos anos. No entanto, as infraestruturas energéticas de que dispomos atualmente carecem de maior flexibilidade e inteligência para garantirem segurança e estabilidade numa rede cada vez mais descentralizada. A digitalização das infraestruturas, o armazenamento de energia, e a flexibilidade do lado da procura devem ser prioridades claras em todos os momentos.
Num setor que enfrenta simultaneamente a pressão da inovação acelerada e da sustentabilidade, é essencial promover políticas públicas que incentivem o investimento em tecnologias limpas e a utilização eficiente da energia. A colaboração entre o governo, as empresas tecnológicas e os utilizadores finais será determinante para acelerar esta transformação. A combinação entre eletrificação e inteligência digital não só permite reduzir emissões, como oferece transparência, controlo e rentabilidade – e estas são condições essenciais para um futuro energético mais justo, eficiente, resiliente e, sobretudo, sustentável. Na Schneider Electric, continuaremos a liderar este caminho, com tecnologia, inovação e um compromisso inabalável com a sustentabilidade – e com que tudo isto seja acessível a todos.








































