Nos últimos anos, o conceito de ESG (Environmental, Social, Governance) deixou de ser apenas uma obrigação regulatória ou uma ferramenta de compliance corporativo. Para muitas empresas, tornou-se uma vantagem competitiva estratégica, especialmente na atração e retenção de talento. Hoje, colaboradores não procuram apenas salários competitivos ou benefícios clássicos; procuram trabalho com propósito, impacto positivo e empresas responsáveis, capazes de alinhar valores pessoais e profissionais.
Segundo uma pesquisa de 2023 realizada pela Deloitte Global Millennial & Gen Z Survey, mais de 70% dos profissionais jovens priorizam trabalhar em organizações que demonstram compromisso real com sustentabilidade e responsabilidade social. Este dado é particularmente relevante para setores que competem por talentos altamente qualificados, como tecnologia, consultoria, engenharia e ciências ambientais, onde a procura por profissionais comprometidos e alinhados com os valores ESG supera a oferta.
Um exemplo internacional ilustrativo é a Unilever, que tem integrado práticas ESG em todos os níveis da organização. Com metas de redução de emissões de carbono, programas de economia circular e relatórios ESG certificados, a empresa tem conseguido atrair jovens profissionais altamente motivados, reduzindo a rotatividade e fortalecendo seu “employer branding” globalmente. Em 2022, o LinkedIn destacou a Unilever como uma das empresas mais desejadas pelos profissionais que buscam impacto positivo nas suas carreiras.
Mas porque é que o ESG é tão relevante para o talento? O motivo está na credibilidade e transparência das métricas. Apresentar relatórios ESG certificados, alinhados com normas como o GHG Protocol, a CSRD e a Science Based Targets, transmitem aos colaboradores que a empresa não declara apenas intenções, mas mede, monitora e cumpre metas ambientais e sociais. Isso cria confiança e reforça a percepção de um ambiente de trabalho ético, inovador e comprometido com o futuro.
Além do impacto ambiental, as métricas ESG também refletem políticas internas que afetam diretamente a experiência do colaborador: diversidade e inclusão, equidade salarial, saúde mental e bem-estar, governança corporativa clara e programas de voluntariado corporativo. As empresas que comunicam estas iniciativas de forma transparente, conseguem atrair profissionais que procuram encontrar o alinhamento entre valores pessoais e a missão corporativa.
No contexto internacional, o relatório Global Talent Trends 2023 da Mercer, revelou que empresas com estratégias ESG robustas apresentam retenção de talentos 30% maior em comparação com empresas que ainda tratam o ESG como um formalismo regulatório. Profissionais, (especialmente das gerações Y e Z), valorizam o propósito, o impacto e a autenticidade, e são rápidos em reconhecer se as ações de sustentabilidade da empresa são simbólicas ou genuínas.
A sustentabilidade também influencia o comproisso interno. Plataformas gamificadas de ESG, como o Carbmee, permitem que os colaboradores participem de iniciativas de redução de carbono e melhoria de processos internos, tornando a sustentabilidade uma experiência interativa e motivadora, em vez de apenas um conjunto de regras ou relatórios. As empresas que adotam este modelo, relatam aumento significativo na produtividade, criatividade e sentimento de pertença entre as equipas.
Além disso, ESG como estratégia de atração de talento tem impacto direto na competitividade do setor. As empresas responsáveis não só conquistam profissionais mais comprometidos, como também fortalecem a imagem de marca perante clientes, investidores e parceiros. Um colaborador motivado e alinhado com valores de sustentabilidade é um embaixador natural da marca, capaz de reforçar sua reputação e gerar uma vantagem competitiva em mercados cada vez mais conscientes.
O futuro aponta para um ESG ainda mais integrado na cultura corporativa. Com a crescente procura por transparência, empresas precisarão combinar relatórios certificados, metas auditáveis de redução de carbono e políticas sociais robustas para se destacarem no mercado de talentos. De acordo com projeções da World Economic Forum (2024), em 2030, mais de 80% das decisões de carreira entre profissionais qualificados incluirão critérios ESG como decisivos, transformando a sustentabilidade num elemento central.
Em resumo, o ESG deixou de ser apenas uma obrigação regulatória ou uma ferramenta de compliance para se tornar um fator decisivo na atração e retenção de talentos.








































