O início da COP30, a Cimeira do Clima das Nações Unidas, sublinha a necessidade de descarbonizar as economias. Os combustíveis de baixo carbono como hidrogénio verde, metanol, SAF (combustíveis sustentáveis de aviação), HVO (óleos vegetais hidrotratados) ou amónia verde, são alternativas aos atuais combustíveis fósseis, mas até à data não foi feita a análise tecno-económica da sua potencial produção em Portugal.
“Sabemos que Portugal possui uma extensa zona costeira e um elevado potencial eólico offshore. Temos sidos pioneiros a nível mundial na área da energia eólica offshore flutuante. O que procurámos analisar neste relatório foi como podemos aproveitar esse potencial e acrescentar valor ao país”, explica Sofia Simões, coordenadora da unidade de economia de recursos e investigadora do LNEG.
O novo relatório do LNEG, “Portugal Offshore Wind, Green Hydrogen, and Sustainable Fuels: Power-to-X Pathways”, analisa diversas estratégias de conversão da eletricidade proveniente de parques eólicos offshore flutuantes em hidrogénio verde e combustíveis de baixo carbono até 2035. Teve-se em consideração o Plano Nacional de Energia e Clima 2030 (PNEC 2030) e o Plano de Afetação para as Energias Renováveis Offshore (PAER) que prevê leilões para a instalação de 2 GW de parques eólicos offshore até 2030.
O estudo foi lançado esta segunda-feira, dia 10 de novembro, coincidindo com o início da COP30. O relatório explora possíveis alternativas relacionadas com o Power-to-X (ou P2X), um conceito que se refere à conversão da eletricidade de fontes renováveis em produtos, como hidrogénio verde e outros combustíveis. Foram analisadas estratégias P2X: power-to-hidrogénio, power-to-HVO, power-to-metanol, power-to-amónia e power-to-SAF. Para todos é necessário utilizar hidrogénio.
“O custo de produção do hidrogénio é fundamental para a viabilidade dos outros combustíveis. E este custo depende de fatores como custos de investimento e custos operacionais, em especial o custo da eletricidade para a produção de hidrogénio verde. É muito importante o número de horas em que as unidades de eletrólise podem operar à máxima capacidade ao longo do ano usando apenas eletricidade de eólica offshore. Enquanto os custos de investimento não variam substancialmente de país para país, as horas de funcionamento de uma turbina eólica offshore no mar de Portugal são diferentes dos da Alemanha ou Dinamarca. E podem tornar-nos mais competitivos”, acrescenta Sofia Simões.
Concluiu-se que, recorrendo a eólica offshore, a produção de HVO destaca-se como a opção mais competitiva de entre modelos P2X analisados, com custos estimados entre 63 e 110€/MWh. A produção de amónia verde poderá tornar-se competitiva a nível internacional, enquanto o metanol, o SAF e o hidrogénio liquefeito serão produzidos a custos mais elevados. De notar que a análise considera apenas custos tecnológicos (sem impostos e/ou margens de lucro).
Destacam-se ações para acelerar a implementação do modelo P2X em Portugal, que passam pelo apoio no desenvolvimento tecnológico e na industrialização nacional em toda a cadeia de valor associada. “A cadeia de valor nacional para o hidrogénio e combustíveis sustentáveis está em crescimento, com pelo menos 130 empresas identificadas neste setor, além de 140 empresas ligadas à energia eólica offshore”, refere igualmente a investigadora.







































