A recolha seletiva de embalagens registou um aumento residual de apenas 2%, com apenas mais 4.009 toneladas de embalagens a serem enviadas para reciclagem no primeiro semestre de 2025, num total de 231 mil toneladas recolhidas e enviadas para reciclagem, em comparação com o período homólogo. O ritmo de crescimento continua a ser insuficiente para Portugal conseguir cumprir as metas de reciclagem de embalagens até ao final deste ano.
Em 2025, os serviços de recolha seletiva de resíduos de embalagens financiados ao SIGRE (Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens), pela Sociedade Ponto Verde e por outras entidades gestoras, atingiram o montante de 95 milhões de euros, o que significa um reforço de 41 milhões ao sistema, após a decisão de aplicar novos valores de contrapartida (VC) através de um Despacho do Governo, que entrou em vigor a 1 de janeiro deste ano. 68,5 milhões foram pagos pela Sociedade Ponto Verde no primeiro semestre de 2025, mais 39 milhões do que no período homólogo.
Até ao final deste ano, o país tem de garantir a recolha seletiva de 65% de todas as embalagens colocadas no mercado. A prioridade deve passar por uma melhoria substancial do nível de serviço prestado aos cidadãos pelos sistemas municipais e multimunicipais, dispondo o SIGRE, atualmente, de mais recursos financeiros para realizar investimentos que gerem resultados e ajudem a alcançar as metas.
A SPV considera que é legítimo expressar preocupação com o facto de as quantidades enviadas para reciclagem estarem aquém dos níveis desejáveis. Os valores de contrapartida atualmente em vigor devem garantir que os investimentos façam a diferença e que melhorem a performance do setor. É, por isso, imperativo exigir um melhor desempenho.
À semelhança dos últimos resultados, o vidro continua a destacar-se como o material que mais preocupação levanta. Ao fim de seis meses, o vidro está 1% abaixo do valor homólogo, o que significa que foram recicladas menos 1.300 toneladas deste material, num total de 99.321 toneladas.
Há ainda um outro material que suscita preocupação: as embalagens de cartão para alimentos líquidos (ECAL). Segundo os dados, foram recolhidas menos 405 toneladas, num total de 4.044 toneladas (-9%).
Quanto aos restantes materiais, os dados do SIGRE revelam que foram encaminhadas para a reciclagem 78.486 toneladas de papel/cartão (+4%), 42.844 toneladas de plástico (+3%) e 1.030 toneladas de alumínio (+1%), sendo que este é também um material que merece atenção, uma vez que, apesar da subida, está bastante longe de conseguir atingir a meta de reciclagem proposta.
“Os dados do primeiro semestre de 2025 reiteram a urgência de reforçarmos a articulação entre todos os agentes da cadeia de valor, de forma a tornar o sistema mais eficiente e a tentar, já a caminho da reta final do ano, que Portugal cumpra as metas de reciclagem de embalagens definidas para 2025”, destaca a CEO da Sociedade Ponto Verde, Ana Trigo Morais.
“Continuamos a assistir a quebras preocupantes, como é o caso do vidro, que registou uma redução de 1% face ao período homólogo; e do ECAL, que registou um decréscimo de 9%, no mesmo período. Com o aumento dos VC não deveríamos estar a assistir a um decréscimo da reciclagem de embalagens, pelo contrário. O valor que estamos a pagar é suficiente para investir em mais inovação, mais soluções e permite ir mais além. Estamos, como sempre, disponíveis e vamos continuar a contribuir para uma reciclagem de embalagens mais eficaz, mais próxima das necessidades reais e com impacto efetivo”, acrescenta.
Para o caso do vidro, em particular, a SPV considera fundamental modernizar infraestruturas, inovar, adotar soluções como o baldeamento assistido de contentores, implementar sistemas PAYT (pay as you throw), e reforçar o serviço prestado ao canal HORECA.







































