Parece que a execução da nova DARU (Diretiva das Águas Residuais Urbanas), iniciativa da União Europeia, não está a criar consenso entre os diferentes players. No ENEG 2025, uma mesa-redonda dedicou o seu tempo a abordar os desafios e as fragilidades desta diretiva, frisando, desde logo, que será difícil cumprir metas.
Ana Margarida Luís da Águas de Portugal começou por explicar como o grupo que representa está a adotar novas estratégias para fazer cumprir as metas que as diretivas europeias, especialmente a DARU, estão a impor, mas deixou logo explícito que não serão capazes de atingir a neutralidade carbónica já em 2030, mas que ficarão lá perto.
Concordando que os valores que a DARU está a colocar estão subavaliados, a oradora acredita que os 80% de custos cobertos pelo produtor nos tratamentos das águas poderão ser bem superiores. Este ponto foi enaltecido por Miguel Ginestal, Diretor-Geral da APIFARMA, que enquanto representante da indústria farmacêutica, considera a DARU “injusta” e uma diretiva que “já começou mal por não envolver os agentes, aqueles que têm de pagar”.
Afirmando que “estamos longe de começar a executar a diretiva”, este interveniente apela à revisão da mesma para que se torne “justa, equitativa e exequível”, garantindo que “não há prova científica” que faça a sua indústria pagar os 80% no princípio da “Responsabilidade Alargada ao Produtor”.
Carlos Rodrigues da Aquapor aproveitou o debate para lançar algumas dúvidas que pairam no ar para as entidades gestoras de água e saneamento sobre a diretiva, afirmando que qualquer das formas “o consumidor será impactado com subidas dos preços da água”.
Além disso, destacou o “desafio da linha do tempo muito curta” para executar a DARU, exemplificando com a necessidade de preparar as infraestruturas, essencialmente as ETAR.
Por sua vez, Maria Helena Nadais da Universidade de Aveiro, complementou aquele que pode ser o papel das universidades e da investigação na aplicação da nova DARU, mas deixou claro que a reutilização da água “só terá sucesso” se tiver por base a comunicação e a garantia da qualidade.
Também a investigadora do LNEC, Maria João Rosa, deu o seu parecer sobre a diretiva e o que ela realmente implicará para os diferentes setores de atividade.
O ENEG 2025 está a decorrer até esta sexta-feira, 21 de novembro, no Europarque, em Santa Maria da Feira, e a Ambiente Magazine é media partner deste evento organizado pela APDA.








































