Por Jennifer Amador Tavares de Sousa, Diretora para Portugal e Espanha da Arrive
A tecnologia no setor dos transportes e da mobilidade urbana é uma das ferramentas ao serviço das cidades mais inteligentes, mas também mais habitáveis e eficientes. Tudo começa com o uso das viaturas, e com o aumento da utilização de veículos elétricos, a mobilidade urbana é, nos dias que correm, cada vez mais associada com a tecnologia. Não nos referimos apenas a evoluções no setor automóvel e dos veículos em si, que são cada vez mais eficientes, mas também de serviços para as novas viaturas e para os condutores do futuro, na construção de uma experiência de condução cada vez mais eficaz.
O uso da tecnologia é fundamental quer para os condutores, mas também para os municípios, os provedores de serviços e soluções de mobilidade, isto é, para o todo o ecossistema. A tecnologia permite facilitar e agilizar processos, como o pagamento automático ou a leitura de matrícula na entrada de parques, mas é o potencial de recolha e tratamento de dados que poderá contribuir de forma única para melhorar a mobilidade urbana, tornando-a cada vez mais sustentável.
Integração para a mobilidade
A tecnologia atual produz e recolhe dados de forma exponencial. Todas as atividades que são realizadas incluem algum tipo de interação entre o ser humano e a tecnologia. Na experiência de condução essa interação começa no momento em que utilizamos um GPS para determinar o caminho, ou usamos uma aplicação para ativar sessões de estacionamento, realizar pagamentos ou procurar lugares disponíveis para estacionar. Estas interações são ricas em informação com um potencial de conversão para a mobilidade que não podemos deixar escapar.
Contudo, o ritmo de recolha e tratamento destes dados difere de cidade para cidade, de país para país, com os custos como limitação constante para melhorias significativas e com impacto ao nível tecnológico. A construção e implementação de iniciativas de mobilidade urbana podem ser dispendiosas. Ainda que as cidades inteligentes sejam uma visão para o futuro, como são já algumas cidades portuguesas, que investem no planeamento e otimização de estacionamento, nem todos os municípios têm a possibilidade de levar a cabo estas iniciativas.
A colaboração entre municípios, provedores de serviços e fornecedores de soluções pode ser a resposta para superar estas dificuldades, quer financeiras, quer de recolha de dados. A combinação e partilha de conhecimentos torna possível construir modelos de mobilidade urbana mais sustentáveis e adaptados.
É fundamental integrar as diferentes plataformas de forma a compreender com maior clareza e precisão como funciona todo o ecossistema. Informações como o tempo de duração de sessões de estacionamento, zonas de maior procura, ou até origem dos condutores e tipologia de viaturas, são fundamentais para que os decisores possam tomar opções adequadas às suas cidades e necessidades dos seus residentes ou visitantes. A tecnologia permite recolher estes dados de forma mais rápida e eficaz, assim como tratá-los de forma a tornarem-se aplicáveis mais rapidamente.
A integração dos diferentes sistemas e plataformas, assim como a partilha de dados são importantes para planificar as cidades do futuro, e fundamentais para reagir a problemas como o excesso de trânsito, engarrafamentos causados por parqueamentos ilegais, multas por pagamentos de estacionamento não realizados ou, no extremo oposto, por demasiados lugares disponíveis em determinadas zonas, parqueamentos regulados em zonas desnecessárias, entre outros.
É a partilha e análise de dados entre plataformas que permitirá ultrapassar problemas de informação obsoleta e tomar decisões mais atuais e em linha com as necessidades de cada cidade, modelando soluções para cada necessidade e em cada contexto específico.
Inovação para o futuro
Os problemas derivados dos constrangimentos da mobilidade urbana são transversais às cidades e aos países. Na Europa, por exemplo, as cidades encontram-se cada vez mais com a necessidade de implementar medidas que contribuam para a fluidez no tráfego, mas ao mesmo tempo que contribuam ativamente para a redução dos impactos ambientais e políticas justas e eficientes para o ecossistema de estacionamento.
A integração já referida anteriormente, não apenas permite a operadores e fornecedores, partilhar informações, mas também aceder a bases de dados de cariz nacional que permitem direcionar informações, contribuindo não apenas para a construção de ecossistemas mais eficientes, mas também trazer para o mesmo os atores que mais utilizam os serviços – os condutores.
Esta estratégia de convergência de dados permite uma comunicação ainda mais direta com o utilizador, permitindo, por exemplo, enviar lembretes sobre as suas viaturas, pagamentos pendentes ou até multas, sempre tudo feito de forma direta com o proprietário da viatura. Esta inovação de partilha de informação agiliza processos e procedimentos, acelerando ainda mais a eficiência dentro do ecossistema.
É, contudo, importante que estas medidas de inovação e convergência devem ser estendidas a nível nacional e internacional, pois só assim será possível potenciar a eficiência do sistema. Se os operadores forem limitados às áreas geográficas de atuação, então não poderão levar além fronteiras os benefícios das suas soluções. É importante que estas medidas sejam coesas e transfronteiriças.
Para ser totalmente eficaz, o acesso seguro aos dados dos veículos deve estender-se além das fronteiras da UE, para que os veículos registados no estrangeiro também possam ser identificados e cobrados de forma justa nos países que visitam, assim como os condutores possam ser identificados corretamente, contribuindo para que a mobilidade urbana não seja apenas eficiente, mas também justa.
Tecnologia e cooperação para o futuro
A mobilidade urbana é uma preocupação transversal a toda a Europa e o mundo. As soluções são também estas muito semelhantes: implementar tecnologia, cooperar a todos os níveis, e construir com base em soluções que tornem o ecossistema mais eficaz, eficiente e justo.
Seja com a evolução dos automóveis, com as melhorias de infra estruturas ou com análises mais detalhadas de dados, a mobilidade é uma questão para o futuro e deve ser encarado como uma forma de potenciar recursos e melhorar as cidades, tornando as cidades mais sustentáveis, amigas e habitáveis.








































