Por Elena Garbujo, Country Manager da Swappie em Portugal, Itália e Irlanda
Segundo o Global E‑Waste Monitor 2024, em 2022 geraram-se no mundo 62 milhões de toneladas de resíduos eletrónicos, mas apenas cerca de 22,3% desse total foi formalmente reciclado. Em média, na Europa, cada habitante produziu 17,6 kg de lixo eletrónico, e apenas 42,8% desses equipamentos foram reciclados de forma adequada. Quer isto dizer que mais de metade do desperdício eletrónico não está a ver novo uso – e devemos estar alerta para isso. Não podemos deixar que este se torne o plástico das novas gerações.
Em Portugal, a situação mostra sinais de melhoria, mas ainda há desafios. De acordo com um relatório da Electrão, em 2024 foram recolhidas mais de 36.300 toneladas de equipamentos elétricos usados, um crescimento de 31% face a 2023. Entre estes, destacam-se computadores, tablets e smartphones, incluindo iPhones e iPads, que representam uma parte significativa do lixo eletrónico doméstico. Segundo um estudo da ERP Portugal/DECO PROteste, 60% dos portugueses já compraram equipamentos eletrónicos em segunda mão, revelando uma abertura crescente para alternativas ao novo.
Durante anos, aprendemos que “novo” é sinónimo de “melhor”. Trocamos de telemóvel ou tablet com frequência, deixamos de reparar e descartamos equipamentos que ainda funcionam. A produção destes envolve emissões de CO₂,
associadas à extração de matérias-primas, fabrico e transporte antes de chegar ao utilizador. Prolongar a vida destes dispositivos é, por isso, uma das formas mais eficazes de reduzir a nossa pegada ambiental.
O recondicionamento surge aqui como uma solução concreta: permite dar uma segunda vida a estes dispositivos, garantindo desempenho, qualidade e segurança, ao mesmo tempo que reduz desperdício de recursos e impacto ambiental. Esta prática não só ajuda o planeta como também torna a tecnologia mais acessível.
No caso do nosso país, ainda existem obstáculos a superar. Muitos equipamentos eletrónicos antigos não chegam aos pontos de recolha adequados ou ficam guardados em casa sem uso, impedindo o reaproveitamento. Incentivos,
sensibilização e infraestruturas mais acessíveis são essenciais para maximizar o impacto positivo do recondicionamento.
Por isso, cada escolha conta. Reparar em vez de substituir, continuar a optar por iPhones ou iPads recondicionados quando apropriado, e garantir que equipamentos fora de uso são encaminhados para reciclagem formal. Neste Dia Internacional do Desperdício Eletrónico, vale a pena perguntar: o que já temos é suficiente? Na maioria das vezes já é, mas podemos ser melhores. O planeta agradece.








































