O Secretário de Estado da Energia foi a figura que abriu, esta quinta-feira, mais uma edição da Portugal Renewable Energy Summit (#PRES), organizada pela APREN (Associação Portuguesa de Energias Renováveis), em Lisboa. Relembrando que “vivemos um período decisivo e entusiasmante para a energia”, Jean Barroca garantiu que a “transição energética já não é só uma ambição, é uma realidade”, e que “Portugal tem de garantir energia segura, competitiva e sustentável”.
“Gostava de começar por partilhar convosco uma reflexão sobre dois cenários do que o nosso Sistema Elétrico poderia ser: no primeiro cenário, hipotético, o Sistema Elétrico assentaria em capacidade hídrica nacional, que já existe, complementada por algumas centrais de ciclo combinado a trabalhar continuamente. A energia fluiria de grandes infraestruturas para os consumidores num percurso praticamente linear e relativamente simples. O segundo cenário será mais familiar e incorpora fontes de energia renovável, como eólica, solar e outras formas de energia distribuída, num sistema mais descentralizado e dinâmico”, apontou, refletindo estes cenários em cinco dimensões: complexidade operacional, carga administrativa, soberania e segurança de abastecimento, competitividade e sustentabilidade.
Jean Barroca explicou que o cenário atual das renováveis passa por “mais pontos de produção, com diferentes dimensões e com maior diversidade de tecnologias e dimensão, o que representa maior volume de processos, maior necessidade de articulação entre entidades e um desafio maior a nível de gestão do território”, “o que aumenta o nível de exigência da gestão da rede” e pede uma “maior capacidade de processamento, atuação em tempo real, armazenamento e gestão ativa da procura”.
“Nesta dimensão, o primeiro cenário é claramente mais simples. Poucos produtores, despachabilidade garantida, uma gestão de rede com menos fluxidades e energia com menor dinamismo e um mercado com muito menor dinamismo. Mas esta simplicidade tem um preço. E aqui entram as restantes dimensões de análise. O primeiro cenário, embora mais simples, exige recursos dos quais não dispomos, comprometendo assim a soberania nacional e limitando as nossas opções numa perspetiva de segurança de abastecimento”, afirmou, acrescentando que “estaríamos sujeitos a preços de energia mais elevados e expostos à volatilidade dos mercados internacionais. E poderia existir alguma forma de mercado, mas seria relativamente restrita e pouco dinâmica no seu funcionamento”.
“Através de fontes de energias renovável, somos mais independentes energeticamente, mas podemos aproveitar diferentes recursos complementares e disponíveis a nível nacional. Dispomos de um mercado dinâmico e com maior participação, permitindo-nos alcançar preços mais competitivos para as nossas empresas e para as nossas famílias. E garantimos a utilização de recursos sustentáveis que contribuem para a preservação do meio ambiente e para as futuras gerações”, continuou o Secretário de Estado da Energia.
“É também importante não perdermos a perspetiva de que, embora existam desafios a nível de gestão do território, existem já estudos que indicam que uma parte significativa da área necessária à produção de energia renovável pode ser complementada com outros usos, nomeadamente urbanos ou industriais, sem comprometer o nosso ambiente e as nossas paisagens. Assim, desta análise, o cenário das renováveis sai reforçado como o cenário que permite endereçar de forma mais completa as necessidades do país em matéria de segurança, competitividade e sustentabilidade do nosso sistema”.
Frisando que o objetivo do Estado “é garantir um sistema energético sustentável, soberano e competitivo“, ficou também a garantia que “só investiremos quando fizer sentido para o sistema e para a nossa indústria verde”.
“Podemos já adiantar que existem pelo menos 3 gigawatt de potência que têm um prazo de entrada em exploração até o final do próximo ano e está a ser realizado um levantamento do histórico que nos permitirá em breve comunicar dados mais precisos e com detalhe trimestral e por tecnologia. Tendo maior conhecimento do estado do avanço dos projetos e dos prazos que devem cumprir, queremos assegurar que existe um compromisso e previsibilidade com os mesmos. Por um lado, realizamos uma última prorrogação de prazos que fica claramente aplicável a todos os regimes de ligação através de um novo despacho”.
Jean Barroca revelou ainda que o Governo está a desenvolver mecanismos que serão anunciados em breve, para permitir agilizar a concretização dos projetos em desenvolvimento e alternativas para viabilizar a capacidade remanescente, pois “uma energia mais segura, competitiva e sustentável alcança-se também através de investimentos com previsibilidade e de projetos que saem do papel dentro do horizonte das nossas metas”.
A Portugal Renewable Energy Summit realiza-se nos dias 2 e 3 de outubro, no Grande Auditório da Culturgest, em Lisboa, juntado diferentes players do setor para debater a atualidade e o futuro das energias renováveis.







































