Qual o compromisso da Resul com a implementação de soluções energéticas na África?
A experiência internacional da Resul tem sido muito positiva e, desde a sua fundação em 1982, tem estabelecido vários contactos com os PALOP e com outros países africanos. Esta proximidade foi reforçada com a abertura de escritórios em Angola, Moçambique e Cabo Verde, países onde temos vindo a desenvolver vários projetos de eletrificação. Atuamos sobretudo em África porque o nosso produto e serviço destina-se a países onde ainda há muito trabalho de infraestrutura elétrica pela frente. Com uma taxa de eletrificação em África ainda muito aquém do que seria esperado, o compromisso da Resul é precisamente o de fornecer soluções e desenvolver infraestruturas que assumam um papel relevante no desenvolvimento de cada região.
Que carências demonstra este continente, nesta matéria?
A taxa de cobertura elétrica no continente africano é, ainda, muito baixa, estando muito longe dos níveis europeus. De acordo com o recente relatório ‘O Estado da Energia Africana em 2025’, da Câmara de Energia Africana, África alberga 590 dos 685 milhões de pessoas no mundo sem eletricidade. A eletrificação continua a ser um grande desafio para vários países em vias de desenvolvimento, pelos custos associados à expansão da infraestrutura da rede elétrica, a que acrescem as distâncias muito elevadas, à falta de mão de obra especializada e às dificuldades de manutenção. A carência neste setor terá, inevitavelmente, reflexo no dia a dia de milhões de pessoas, pelo que se torna fundamental apostar na inclusão energética, que também tem a capacidade de impulsionar a competitividade de outros setores relevantes para a economia.
Que soluções exatamente tem implementado a Resul nos países africanos?
Graças à nossa equipa técnica altamente qualificada e distribuída pelas várias delegações, temos alcançado resultados que têm tido um impacto visível em várias regiões. Uma das nossas soluções com maior impacto neste continente é o Ready Board. Este dispositivo é utilizado em áreas onde as habitações não possuem paredes adequadas para a instalação de tomadas elétricas, proporcionando aos moradores acesso à energia elétrica de forma eficiente. Graças a este equipamento, já foram eletrificadas mais de 200 mil casas em Moçambique, Angola, Tanzânia, Libéria e também no Suriname, ilustrando um impacto abrangente.
Além desta solução, já estivemos envolvidos na eletrificação de centrais fotovoltaicas, incluindo em Cabo Verde, país onde também reabilitámos a Baía das Gatas, numa rede de iluminação pública com cerca de 2km extensão. Este foi um projeto com impacto muito relevante para a ilha de São Vicente, criando um espaço agradável e iluminado, num local de lazer muito visitado. Além desta reabilitação, a Resul colaborou ainda no Projeto Cabo Verde 100% LED, que permitiu a iluminação 100% LED do Tarrafal de Santiago, assim como no upgrade do Sistema Nacional de Pré-pagamento de Energia Elétrica. Outros projetos que destacamos são também a instalação de centrais fotovoltaicas, duas das quais em Cabo Verde e uma em São Tomé e Príncipe.
De que forma se alinham com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável?
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável define as prioridades e aspirações do desenvolvimento sustentável global para 2030, pelo que é um importante documento orientador para empresas de vários setores. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 7 visa garantir o acesso à energia acessível, segura, sustentável e moderna para todos, o que vai precisamente ao encontro da missão da Resul. No caso particular de África e dado que é um continente ainda com muitas necessidades de desenvolvimento, a nossa atuação torna-se essencial não só para criarmos melhores condições de vida para as pessoas, como também para atrair novas atividades e investimento. Além disso, se tivermos em conta o conturbado contexto geopolítico e os seus inevitáveis impactos em territórios e comunidades mais vulneráveis, torna-se evidente que esta atuação é cada vez mais essencial.
Qual a dimensão da eletrificação que está a ser feita pela Resul, até agora?
A nível espacial, as soluções da Resul já alcançaram mais de 18 países, não só em África, mas também em Portugal, América do Sul (Suriname), Europa (Espanha e França) e ainda na China. Assim, se olharmos para o mapa-mundo, vemos que a Resul já ocupa uma mancha considerável no que toca à sua atuação, tanto que as nossas exportações, em 2024, representaram 65% do nosso volume de negócios. Apesar de a nossa atuação em Portugal ser mais reduzida, colaboramos também no plano nacional com a E-Redes através de um contrato de fornecimento de isoladores de vidro e acessórios de cadeia para redes de distribuição em Média Tensão.
Se olharmos para o impacto noutros países, já eletrificámos mais de 200 mil casas com o dispositivo Ready Board, já instalámos centrais fotovoltaicas para auto-consumo em Espanha e África e fomos parceiros no que diz respeito a iluminação e estrutura elétrica em vários projetos de reabilitação urbana em África.
Quais projetos estão em curso, neste momento?
De momento, temos em curso um projeto de automatização da central de enchimento de garrafas de gás em São Tomé e Príncipe e foi-nos adjudicada recentemente a instalação de uma nova central fotovoltaica também neste país. No projeto de São Tomé e Príncipe temos dois engenheiros a instalar o projeto e contamos terminar este projeto ainda durante o presente trimestre. Este projeto de automatização irá melhorar a eficiência desta central e acelerar processos essenciais na distribuição do gás.
Quais os objetivos a longo prazo para a Resul no continente africano?
A Resul tem registado sinais de crescimento nos últimos anos, tendo ultrapassando os 13 milhões de euros em faturação em 2024, e aumentou as suas vendas em 2,2% face a 2023. Com este quadro positivo, temos como ambição aumentar o número de projetos no mercado africano e já temos inclusivamente algumas encomendas para Moçambique e uma nova empreitada para São Tomé e Príncipe. A expansão para outros países africanos é também uma das metas da Resul, que está de olhos postos na Argélia, com quem já assinámos um contrato de valor significativo, mas também na Tunísia, um mercado muito relevante.
Com o atual contexto geopolítico instável, a comunicação com mercados internacionais e com novos países pode ser um desafio, mas uma das grandes mais-valias da Resul é o nosso know-how de África: reconhecemos que é um mercado com muitas especificidades e dificuldades, e o timing de decisão do negócio pode ser demorado. É com esta forte capacidade de observação e décadas de experiência que vamos expandindo a nossa atuação e alcançando resultados e colaborações notáveis.







































