A estética já não é só sobre ser bonito. Agora também é sobre ser sustentável. A Spacemakers, empresa dedicada ao design de interiores, preocupa-se com esta vertente e faz com que cada trabalho sob a sua alçada se baseie maioritariamente em materiais naturais e duradouros. Ana Proença e Célia Mestre, as co-fundadoras, contam tudo à Ambiente Magazine.
Como é que o design de interiores tem aplicado a sustentabilidade na sua atividade?

A sustentabilidade está no centro da forma como abordamos o design de interiores na Spacemakers. Não a vemos como uma tendência, mas como um compromisso que atravessa todas as fases do projeto. Começa logo na conceção, onde procuramos desenhar espaços que respeitam a identidade do lugar, as pessoas que os habitam e os recursos disponíveis. Trabalhamos com materiais naturais e duradouros, damos prioridade a soluções locais e acreditamos que um projeto bem pensado deve resistir ao tempo — não apenas em termos de qualidade, mas também de estética. A longevidade é, para nós, uma das formas mais eficazes de sustentabilidade: se criarmos espaços que não precisam de ser mudados a cada poucos anos, estamos a reduzir significativamente o impacto ambiental da nossa atividade.
Que exemplos podem dar?
Um dos princípios que seguimos é a utilização de materiais naturais, como madeiras certificadas, bambu ou tecidos com origem mais consciente. Sempre que faz sentido, recorremos à recuperação de elementos existentes no espaço, respeitando a sua história e identidade. Valorizamos muito a autenticidade dos materiais e a integração do que já existe, quer em contextos residenciais, quer em projetos corporativos. Gostamos de trabalhar com paletas que remetem à natureza e com formas orgânicas que transmitam conforto e fluidez. São opções que, além de serem sustentáveis, ajudam a criar ambientes emocionalmente equilibrados e com sentido.
Que resultados é que isto traz a nível ambiental?

Optar por materiais duradouros e naturais contribui de forma clara para reduzir a pegada ecológica de cada projeto. Menos desperdício, menos necessidade de substituições frequentes, menos transporte de produtos vindos de longe. A preservação de elementos existentes nos espaços permite-nos também evitar demolições desnecessárias e o descarte de materiais com valor. Há um impacto ambiental positivo sempre que conseguimos prolongar o ciclo de vida de uma peça, ou sempre que evitamos um gesto impulsivo que teria custos ambientais
elevados. E para além disso, quando se trabalha com soluções de qualidade, o próprio conforto térmico e acústico dos espaços melhora, o que se reflete num uso mais eficiente da energia.
Como é que soluções mais sustentáveis podem ser divulgadas junto dos clientes?
O primeiro passo é saber ouvir. Quando começamos um projeto, dedicamos muito tempo ao briefing: entender quem são as pessoas, como vivem, o que valorizam. A partir daí, é mais fácil introduzir soluções sustentáveis que façam sentido naquele contexto. E o que sentimos é que, quando explicamos o porquê de determinada escolha — seja um material natural, uma peça feita localmente ou uma opção mais duradoura —, os clientes não só aceitam como valorizam. Muitas vezes falta apenas essa ponte entre a intenção e a informação. Também procuramos contar histórias: dar a conhecer a origem dos materiais, o processo de criação, o valor do que está por trás de cada detalhe. Isso cria uma ligação emocional com o projeto, e quando essa ligação existe, as decisões tornam-se mais conscientes.
Como é que o setor se quer mostrar a este nível até 2050?

Acreditamos que o futuro do setor passa inevitavelmente por uma maior exigência ambiental e social. Até 2050, o design de interiores — e a arquitetura em geral — terá de assumir o seu papel na construção de um mundo mais equilibrado. Isso significa usar melhor os recursos, respeitar os ciclos naturais, reduzir o impacto das obras e desenhar com mais consciência. Imaginamos um setor mais atento às matérias-primas, mais comprometido com a valorização do que é local e mais focado na criação de soluções duradouras. Na Spacemakers, já trabalhamos com essa visão — não como uma meta distante, mas como algo que se constrói todos os dias, projeto a projeto. E acreditamos que essa será a base sobre a qual o setor vai (re)construir a sua relevância no futuro.








































