“A Europa tem de apostar como nunca na energia eólica e solar para evitar o agravamento da degradação climática”. Este é o apelo lançado esta quarta-feira, 20 de outubro, pela Rede Europeia de Ação Climática (CAN Europe – Climate Action Network) que conta com 185 organizações em toda a Europa, entre elas a ZERO, e representa mais de 40 milhões de cidadãos europeus.
Num comunicado a associação ambiental atenta que a coligação europeia exige uma “transição energética mais rápida, justa e sustentável para uma energia 100% renovável até 2040”. E “a eletricidade renovável, principalmente a solar e eólica, é fundamental para esta transição. É essencial que toda a nossa eletricidade seja proveniente de fontes de energia renováveis até 2035”, refere a nota.
Numa altura em que a Europa enfrenta, cada vez mais, verões quentes e invernos extremos, a ZERO lembra que a comunidade científica advertiu em agosto que o tempo para enfrentar esta ameaça – alterações climáticas – está a esgotar-se. E o relatório de referência do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) mostrou aos líderes mundiais que o futuro aparenta ser “terrífico” mas, simultaneamente, que ainda temos a oportunidade de “travar a emergência climática” se ação for de imediato e a redução das emissões dentro desta década for drástica. Estes mesmos líderes reúnem-se em novembro na Conferência das Nações Unidas para as Alterações Climáticas COP26, em Glasgow, para promover o avanço das negociações climáticas internacionais.
De acordo com mesmo comunicado, a declaração da coligação insta os governos europeus a permitir uma “transição rápida e justa dos combustíveis fósseis para energias 100% renováveis”, abrangendo todos os setores, tais como edifícios, indústria e transportes até 2040, juntamente com medidas para reduzir significativamente a procura energética. A CAN Europe defende, segundo a ZERO, que a eletricidade renovável, principalmente a solar e eólica, deve ser a “espinha dorsal” do sistema energético, impulsionando a descarbonização em todos os outros sectores. Adicionalmente, a coligação europeia e os aliados dos países da Europa Central e Oriental redigiram uma carta aberta aos seus governos com recomendações específicas.
A declaração da CAN Europe chega no momento em que os líderes da UE irão reunir-se no Conselho Europeu em Bruxelas (21-22 de outubro) para discutir o aumento dos preços da energia e as medidas para enfrentar a crise que se alastra por toda a Europa.
“A atual crise do gás fóssil que está a incendiar as faturas de energia é mais um lembrete da necessidade urgente de transitar dos combustíveis fósseis para um sistema energético totalmente baseado em energias renováveis. A verdade é que simplesmente não podemos suportar os custos ambientais, económicos e sociais dos combustíveis fósseis. Os líderes da UE devem evitar soluções imediatas a curto prazo e, em vez disso, intensificar os esforços para acelerar a implementação da energia solar e eólica, bem como, e ao mesmo tempo, ampliar os esforços para reduzir o consumo de energia” – diz Wendel Trio, Diretor da Climate Action Network Europe. O responsável não tem dúvidas de que “podemos e devemos alcançar um sistema de energia 100% renovável até 2040 e abordar, ao mesmo tempo, objetivos ambientais e sociais. A produção total de energia exclusivamente renovável até 2035 deveria estabelecer-se como meta vital nesse caminho. A Europa tem um potencial doméstico largamente inexplorado para as energias renováveis que, combinado com o apoio esmagador dos cidadãos para o desenvolvimento da energia solar e eólica, constitui uma oportunidade imperdível”.
A sondagem YouGov, sobre as atitudes da população em relação à energia eólica e solar em dez países europeus, partilhada no comunicado da ZERO, mostra “um forte apoio (86%) às medidas necessárias para levar a cabo o aumento das energias renováveis que a CAN Europe está a pedir, bem como ao envolvimento direto das pessoas na produção de energia solar e eólica”.
Para Francisco Ferreira, presidente da ZERO, “o Solar tem um futuro brilhante na produção energética em Portugal. É preciso envolver as comunidades, apoiar e priorizar projetos com menor impacto ambiental, de preferência no topo dos edifícios ou em áreas onde não afetem significativamente a biodiversidade ou a paisagem. Felizmente, Portugal tem uma grande variedade de fontes de energia renováveis e podemos assegurar um aumento da quota até 100% sob um quadro sustentável.”
Sob o apelo à ação – “Juntos por uma Europa 100% Renovável: Próspera. Sustentável. Para todos” – Seda Orhan, coordenadora da Campanha de Energias Renováveis na Climate Action Network Europe acredita que “vamos trabalhar no sentido de aumentar a utilização da energia solar e eólica que beneficia as pessoas e apoia a proteção e recuperação da natureza. Esta é a década para concretizar. Juntamente com os governos, precisamos também das autoridades locais e dos municípios, investidores e empresas para colher os benefícios das energias renováveis a 100%.”
