Há 42 anos, no Colégio Adventista de Oliveira do Douro, em Vila Nova de Gaia, na cantina, só se serve comida vegetariana, ou melhor, ovolactovegetariana, porque são usados ovos, leite, sobretudo de soja, e seus derivados. A filosofia adventista recomenda este tipo de alimentação e, assim, o recente alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o consumo de carnes processadas e de carnes vermelhas, como “provavelmente” cancerígenas, não provocou qualquer alteração no dia-a-dia deste estabelecimento de ensino.
A esta cantina chega fruta do pomar ali ao lado e produtos de hortas comunitárias a dois passos do colégio. Fritos apenas uma ou duas vezes por mês, no máximo. Organizam-se seminários para falar do valor nutricional dos alimentos e mostrar como se confecciona uma refeição sem carne nem peixe. Na semana da Europa, replicam-se pratos tradicionais de vários países à boa maneira vegetariana e esmera-se na apresentação. Há campanhas para consumir menos doces e mais fruta. E quando se fala na roda dos alimentos, lembra-se que também existe a pirâmide da comida vegetariana, que coloca os cereais na base, frutas e legumes no mesmo patamar, gorduras vegetais no topo e inclui, na lateral da pirâmide, o exercício físico e a água.
Dos 150 alunos, do pré-escolar ao 9.º ano, 70% não são adventistas e nem todos os adventistas são vegetarianos. A escolha é de cada um. Por dia são servidos entre 70 a 80 almoços na cantina.
Fátima Pereira, mãe de dois alunos, 100% vegetariana, considera que os filhos não podiam estar em melhores mãos e que “não se trata de religião”. “É um colégio de excepção quer em termos educativos quer no cuidado que tem com a nutrição de crianças em desenvolvimento e não tem nada a ver com ser ou não vegetariano”, refere. “A base adventista da escola recomenda uma alimentação vegetariana, mas aqui estamos a falar do cuidado que tem com a nutrição e de todo um trabalho que é feito com muita qualidade”.