A missão PACE da NASA e da empresa SpaceX, que nos próximos anos vai aprofundar o estudo da atmosfera e dos oceanos, descolou hoje com sucesso do Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, no estado norte-americano da Florida.
A oceanógrafa da NASA Violeta Sanjuan explicou à agência de notícias EFE que se trata de um satélite revolucionário porque irá fornecer detalhes do oceano, especialmente das microalgas, que nunca tinham sido alcançados antes. O fitoplâncton, explicou a oceanógrafa, representa apenas 1% da massa vegetal total do planeta, mas mesmo assim “gera aqueles 50% a 60% do oxigénio” que estão disponíveis no planeta.
A missão PACE, sigla em inglês para Plankton, Aerosols, Clouds and Ocean Ecosystems, é única, porque além de analisar detalhadamente o fitoplâncton, irá fazê-lo do ponto de vista da sua interação com aerossóis e substâncias suspensas no ar. “Isso dará uma visão incrível que não tínhamos até agora, de como os nossos oceanos se comportam, de como é a atmosfera e como ambos interagem e regulam o nosso clima”, declarou Sanjuan.
O satélite é composto por três instrumentos, um destes é um sensor que pode identificar até 256 cores no oceano, enquanto as ferramentas anteriores só conseguiam diferenciar menos de 10 tonalidades, detalhou ainda. A importância de determinar essas tonalidades deve-se ao facto de a cor do fitoplâncton variar de acordo com a sua espécie. Este organismo é muito importante, não só porque é a base da cadeia alimentar e a origem da vida, mas pela importância que tem para as alterações climáticas, acrescentou Sanjuan.
A cientista lembrou ainda que o oceano representa 70% da superfície terrestre e que apenas cerca de 5% foi estudado. Nesse sentido, destaca que o PACE é um “salto tecnológico” que permitirá grandes avanços na sua vida útil de três anos.
Sanjuan sublinhou ainda que o satélite terá combustível durante 10 anos e espera que sobreviva mais do que os três que a agência espacial norte-americana concedeu à sua missão. A espanhola especificou que o satélite voará numa órbita que se move com a Terra e que poderá haver certas regiões do planeta com uma repetição entre um e dois dias, o que ajuda a observar as mudanças dos oceanos e a estudar a evolução destas espécies de fitoplâncton.