Por Ricardo Vieira, Diretor Volkswagen Veículos Comerciais
A transição energética é, talvez, o maior desafio coletivo que enfrentamos na mobilidade. Nunca o setor automóvel esteve perante uma mudança tão profunda, que altera, além dos produtos, todo o ecossistema em que operamos: desde a produção às infraestruturas, do consumo às políticas públicas. E quando falamos em veículos comerciais, essa transformação ganha uma dimensão ainda mais crítica, porque está diretamente ligada à forma como as cidades funcionam, como circulam bens, serviços e pessoas.
O caminho para um futuro 100% elétrico está traçado. As metas europeias de neutralidade carbónica até 2050 e a proibição de venda de novos veículos com motor de combustão em 2035 não deixam margem para dúvidas: a eletrificação não é uma tendência — é um destino inevitável. Mas o ritmo a que lá chegamos, e a forma como o fazemos, vão depender da nossa capacidade de transformar obstáculos em oportunidades.
Entre os desafios mais evidentes, estão os custos ainda elevados das soluções elétricas, que impactam sobretudo as pequenas e médias empresas; a autonomia, que em veículos comerciais precisa de responder a percursos longos e cargas pesadas; e, sobretudo, a insuficiente rede de carregamento, tanto em espaço público como em instalações empresariais. É aqui que percebemos que a transição não pode ser feita apenas pela indústria automóvel: exige investimento público consistente, políticas de incentivo claras e parcerias entre empresas, municípios e operadores de energia.
Mas há também oportunidades extraordinárias. A eletrificação dos veículos comerciais será propulsor para uma mobilidade urbana mais limpa, mais silenciosa e mais eficiente. Nas cidades, onde a “última milha” é hoje um dos maiores desafios logísticos, as soluções elétricas trazem vantagens óbvias: reduzem emissões locais, melhoram a qualidade do ar e diminuem o ruído em zonas residenciais. Do lado empresarial, permitem ganhos de eficiência através de custos operacionais mais baixos (energia e manutenção) e oferecem novas oportunidades de integração com sistemas digitais de gestão de frotas, cada vez mais baseados em dados.
Na Volkswagen Veículos Comerciais, assumimos este caminho como estratégico. Estamos a investir fortemente na eletrificação da gama — do ID. Buzz, passando pelo novo Transporter, até ao futuro e-Crafter — mas também na integração destas soluções com os ecossistemas das cidades inteligentes. Para nós, um veículo elétrico não é apenas um meio de transporte; é parte de uma rede mais ampla, onde se conectam tecnologia, energia e mobilidade.
O que está em jogo não é apenas a substituição de motores a combustão por baterias. É a forma como repensamos a mobilidade: mais sustentável, mais colaborativa e mais próxima das necessidades das pessoas e das empresas.
Os desafios são reais, mas as oportunidades são maiores. E, se há algo que a história da mobilidade nos ensinou, é que cada transição tecnológica acaba sempre por abrir novas possibilidades. O futuro 100% elétrico será exigente, mas também pode ser a chave para cidades mais habitáveis, empresas mais competitivas e uma sociedade mais consciente.
É esse o caminho que queremos ajudar a construir.







































