Na sequência do apagão do passado dia 28 de abril, a ZERO apela ao esclarecimento da população para as causas do sucedido. A ZERO considera que a investigação deve ir além da causa imediata do problema e abrir caminho para um aperfeiçoamento dos sistemas elétricos – desde logo o nacional –, que a associação defende que é necessário que se adaptem tecnicamente à nova realidade: uma rede assente em renováveis.
Para a ZERO, é claro que a essência do problema não são as renováveis – Portugal já tem estado dias seguidos abastecido 100% por renováveis sem qualquer transtorno e, em março, a representatividade diária da renováveis registou um mínimo de 86%. Por isso, a organização considera absolutamente imprescindível não haver uma instrumentalização do acontecimento para promover narrativas falsas e descredibilizar o modelo renovável. “A transição para as energias renováveis é o único caminho que garante um planeta habitável e mais acessível a todos os habitantes do planeta”, reforça a ZERO.
“Interligações entre redes é elemento indispensável das redes elétricas pelo preço e pela resiliência”
A ZERO começa por sublinhar que “o caminho é o de aprofundamento das interligações entre redes eléctricas nacionais – elas não são apenas cabos, são a base de uma transição energética segura, justa e eficiente”. De acordo com a organização, as interligações são fundamentais por equilibrarem a oferta e a procura em tempo real. Isto é, se há excesso de produção renovável num país, essa eletricidade pode ser exportada para outro onde a procura é maior, evitando desperdício e apagões. Para além disso, aumentam a segurança e resiliência – uma rede mais interligada responde melhor a falhas locais ou picos de consumo, reduzindo o risco de apagões –, facilitam a integração de renováveis (a partilha entre países suaviza as flutuações e reduz a necessidade de backup fóssil) e baixam os custos para os consumidores, porque permitem o acesso à energia mais barata em mercados vizinhos, como em muitos casos tem sido a acesso a energia solar mais barata vinda de Espanha.
A ZERO não tem dúvidas de que a propensão para apagões na rede portuguesa seria muito maior se a relação de interdependência com a rede espanhola não existisse. Por isso, a ONGA acredita que o que importa fazer é dotar o sistema português de resiliência, resposta rápida e capacidade de recuperação, com mais sistemas de restabelecimento. Por exemplo, é preciso acoplar os parques solares a sistemas de baterias e armazenamento e dotá-lo de capacidade de inércia através de electrónica de potência, ou assegurar novos tipos de armazenamento para servir o sistema elétrico.
“Mais eletricidade de origem renovável é um caminho desafiante, mas inevitável”
A rede elétrica europeia foi concebida para um modelo centralizado e fóssil e agora está a evoluir para um sistema renovável, digital e descentralizado. Essa transição traz desafios técnicos reais, mas são desafios superáveis – não argumentos para recuar.
A ZERO entende que devemos exigir transparência na investigação e compromisso com soluções: reforço da rede, armazenamento, gestão da procura, inércia sintética e capacidade de resposta rápida a percalços, incluindo múltiplas centrais com capacidade de restabelecimento (black start). Mas reforça que não podemos aceitar que este incidente sirva de pretexto para promover um regresso às fontes poluentes e ultrapassadas – que são o verdadeiro risco para o planeta e para a segurança energética a longo prazo.
A organização reconhece que a transição energética não é isenta de riscos. No entanto, acredita que o risco maior seria parar ou recuar. “Para avançar, precisa de investimento, planeamento e responsabilidade. O desafio é fortalecer o sistema, não desacreditar o caminho”, apela a ZERO.
“Com apagão, energia e clima devem ser motivo para perceber propostas dos partidos”
Para a ZERO, o evento de 28 de abril deve ser uma oportunidade para os partidos políticos se pronunciarem e clarificarem a sua visão para o clima e energia em Portugal. As falhas no sistema eléctrico levantam questões estruturais sobre o futuro da energia e a ONGA reforça que o posicionamento de cada um dos partidos é essencial para o esclarecimento de todos e contribuir para soluções duradouras, com responsabilidade e visão de futuro.







































