A APRH (Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos) organizou uma das várias conferências que decorreram ao longo do ENERH2O, sob o tema “Indústria da Água: oportunidades em contexto ibérico”.
O primeiro painel “Desafios e Soluções e oportunidades para a Gestão da Água em Contexto Municipal” trouxe para a conversa as realidades dos municípios de Loulé, Matosinhos, Maia e do espanhol Alcalde Lliçà d’Amunt.

Começando a sul, Lídia Terra, Chefe da Divisão de Ação Climática e Economia Circular do Município de Loulé, que não pôde estar presencialmente do debate, deixou alguns comentários sobre a ação desta região que tem vindo a enfrentar um período crítico relacionado com os recursos hídricos. Com a necessidade de uma “adaptação em tempo recorde”, Loulé aprovou em 2022 o seu Plano Municipal de Ação Climática e ativou depois o seu Gabinete de Crise.
Relembre-se que em 2024 o Algarve enfrentou uma seca que levou a medidas direcionadas para a poupança de água, e Loulé não ficou de fora tendo suspendido alguns dos usos não essenciais de água, como as piscinas municipais, a rega dos espaços verdes e o recurso às fontes. “Não queríamos chegar ao ponto de dizer às pessoas que tinham de fechar a sua torneira”, comentou Lídia Terra, que considerou estas ações “não só uma resposta técnica, mas também social”.
A norte, Marta Peneda, Vereadora Qualidade de vida, clima, ambiente e energia da Maia, admitiu que os desafios da sua região não são iguais aos do sul, mas garantiu que eles existem noutras medidas e que por isso é importante “tentar uma abordagem mais resiliente e sustentada” da gestão da água.
Neste município da Área Metropolitana do Porto, as perdas de água atualmente estão nos 16%, mas o objetivo é chegar aos 14% no curto prazo, mas “isto faz-se com investimento”. É por isso que a Maia agora tem um Plano Diretor de Saneamento, um documento técnico que diagnostica as principais necessidades e investimentos até 2075, como por exemplo a remodelação de ETAR’s e a redução das efluências indevidas.
No município vizinho, Manuela Álvares, Vereadora da CM de Matosinhos, frisou que “a gestão eficiente da água passa por redes mais resilientes para evitar inundações e contaminações”. Com uma gestão desafiante, Matosinhos tem mar, porto, agricultura e urbanização num concelho só, mas “a água não tem fronteiras entre municípios, o que adensa os problemas para servir todos os interesses”.
Atualmente, sob a concessão da Indaqua, o município tem 9,1% de perdas de água, um dos indicadores mais baixos do país, a par de Vila do Conde, também gerido pela mesma empresa privada.
Já em Espanha, Nacho Simón, Presidente da Câmara de Alcalde Lliçà d’Amunt, afirmou que o seu município, parte da Comunidade Autónoma da Catalunha, poderá ser um exemplo na gestão da água, apesar de ainda existirem várias melhorias a fazer, essencialmente nas infraestruturas.
Numa região também afetada pela seca, o autarca espanhol garantiu que os melhores resultados vêm do “incentivo ao consumo responsável”, sendo que neste município “o consumo de água das famílias desceu significativamente”.
A 3.ª edição do ENERH2O decorreu na EXPONOR, no Porto, entre os dias 24 e 25 de setembro, juntando diferentes players, nacionais e internacionais, dos setores da água e da energia, em debates técnicos e especializados.







































