A GreenYellow, identificou cinco tendências estratégicas que vão moldar o setor energético em Portugal ao longo do próximo ano. O setor da energia atravessa um período de transformação acelerada no nosso país, impulsionado pela transição energética, pela digitalização das infraestruturas e pelo crescimento das soluções distribuídas.
Crescimento das energias renováveis e das comunidades de energia
Portugal tem registado uma expansão notável na produção solar e noutras fontes renováveis. Em 2026, esta dinâmica será amplificada pelo desenvolvimento das comunidades de energia – estruturas que permitem que diferentes consumidores partilhem a energia produzida num ponto da rede que, muitas vezes, não coincide com o local do seu consumo. Ao contrário do autoconsumo individual tradicional, onde a produção acontece no próprio edifício, uma comunidade de energia permite que a eletricidade gerada num local (por exemplo, num telhado industrial, num terreno ou numa instalação próxima) seja distribuída entre vários membros conectados à mesma área de rede. Este modelo promove maior autonomia local, reduz custos e cria novas formas de participação ativa na transição energética.
A consolidação destes ecossistemas vai exigir a implementação de estruturas operacionais mais avançadas, incluindo mecanismos de preços dinâmicos, soluções de trading peer-to-peer e integração total com redes inteligentes capazes de gerir fluxos energéticos em tempo real.
Armazenamento e Virtual Power Plants: os novos pilares da flexibilidade
Portugal é hoje um dos países da Europa com maior penetração de energias renováveis na sua matriz elétrica, como a solar e a eólica. Embora este seja um progresso significativo, traz também um desafio estrutural: por se tratarem de fontes intermitentes, a produção nem sempre é previsível ou suficiente para garantir, por si só, a estabilidade da rede em todos os momentos do dia.
É neste contexto que o armazenamento assume um papel decisivo. As baterias vão deixar de ser vistas como sistemas de reserva para passarem a ser elementos centrais para tornar a geração renovável mais estável, atuando com capacidade de apoio quando a produção não cobre a procura, ou quando ocorrem variações súbitas na rede.
Em conjunto com as Virtual Power Plants (VPP), vão permitir agregar recursos distribuídos, realizar a arbitragem de preços e prestar serviços essenciais, como a regulação de frequência e a redução de picos de carga.
Este avanço abre novas oportunidades de negócio e representa um passo fundamental para garantir a resiliência da rede num contexto de elevada presença de renováveis.
Eficiência energética guiada pela digitalização e redes inteligentes
Num cenário de crescente pressão regulamentar, 2026 será um ano decisivo para a aposta em redes inteligentes e na modernização de infraestruturas. A digitalização vai permitir realizar uma monitorização contínua, com manutenção preditiva e uma maior capacidade de resposta à procura.
Ao investir em tecnologias digitais, as empresas podem otimizar fluxos energéticos, reduzir custos operacionais e melhorar a fiabilidade do sistema, tornando a eficiência um eixo central da estratégia do setor.
Integração inteligente da mobilidade elétrica para evitar pressão sobre a rede
O aumento acelerado da adoção de veículos elétricos vai continuar a marcar o panorama nacional. Contudo, esta expansão exige respostas robustas para evitar sobrecargas na rede.
O desenvolvimento de soluções de carregamento inteligente, articuladas com sistemas de armazenamento e com VPPs, será fundamental para gerir picos de procura, garantir estabilidade e criar novos serviços energéticos orientados para a mobilidade.
Sistemas inteligentes alimentados por IA: o futuro das operações
A utilização de Inteligência Artificial será determinante para elevar a eficiência operacional a um novo patamar. No próximo ano, espera-se que os operadores do setor utilizem IA para prever padrões de consumo, automatizar decisões críticas e otimizar a gestão de ativos ao longo de toda a cadeia, desde a criação à distribuição.
Estas capacidades vão reforçar a resiliência, melhorar a qualidade do serviço e apoiar modelos de gestão cada vez mais complexos, tornando a IA um elemento incontornável nas operações energéticas do futuro.
“Portugal está a entrar numa nova era da energia, onde inovação, sustentabilidade e inteligência artificial se juntam para criar um sistema mais resiliente, eficiente e participativo. As tendências que identificamos para 2026 não são apenas oportunidades de crescimento para o setor energético, mas sim pilares essenciais para um futuro energético mais sustentável no nosso país”, afirmou Miguel Almeida Henriques, President of the Executive Commitee Portugal da GreenYellow.






































