Por Filipa Oliveira, Sandrina Tralhão e Vanessa Biel, LEAP Consulting
“A escola é um direito que tens que conquistar
A tua vida inteira depende de estudar.”
BRANCO, J. M., “A Marcha da Educação”
A educação de qualidade é um dos maiores desafios da atualidade. Porquê? Porque, hoje, o ensino já não é exclusivamente realizado pelas escolas. E, hoje, diante de um modelo de educação uniformizado, já não temos como esconder que este se encontra totalmente obsoleto. E, só, isto muda tudo.
Assim, urge uma mudança de paradigma. Neste (re)pensar o propósito da educação, temos de ser mais ambiciosos. E abrangentes. Como? Olhando para além do percurso académico. Privilegiando a aprendizagem de vida. E para a vida, com toda a sua complexidade e desafios. Fomentando o pensamento crítico. Sustentando argumentação. Cultivando a empatia. Desenvolvendo ambientes de aprendizagem inclusivos. E acessíveis a todos.
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 (ODS4) foca-se precisamente nisso: garantir que todos, todos, todos, em qualquer fase da vida, em qualquer circunstância, tenham a oportunidade de aprender, crescer e evoluir.
Em Portugal, as empresas desempenham um papel fulcral, sempre que disponibilizam e incentivam uma educação de qualidade, quer aos seus colaboradores, quer às comunidades onde estão inseridas mas, também, sempre que apoiam iniciativas externas.
Exploremos, então, como as empresas podem contribuir para alcançar as metas do ODS4, de forma estruturada e com impacto real.
“Uma criança, um professor, um livro, uma caneta pode mudar o mundo.” Malala Yousafzai
O Papel das Empresas na Educação – Formação
As empresas são elementares para garantir que os seus colaboradores não ocupam, apenas, funções mas cresçam e progridam na carreira, com base em conhecimento. Também, técnico. Investir na formação contínua é uma das formas mais eficazes de fomentar uma educação de qualidade, não só para aqueles profissionais, em específico, mas para todo um país. Oferecer oportunidade aos colaboradores de acederem a cursos, workshops e programas de certificação não só incrementa, de forma direta, qualificação e o compromisso destes para com a função e com a empresa, como, indiretamente, potencia competências do mercado de trabalho em Portugal e, consequentemente, promove uma vantagem competitiva do país.
Apostar na educação – formação pode ser, também, num patamar anterior, apostar numa integração no mercado de trabalho de forma tutorializada. Ao estabelecerem parcerias com escolas e universidades, criando oportunidades de estágios, programas de mentoria e emprego, as empresas promovem o acesso de estudantes a esta prática de ensino que os prepara, em contexto real de trabalho, para os desafios reais do mundo laboral.
Nesta lógica de atuação, as empresas têm mais e melhor a fazer. Num patamar, ainda, anterior, estas poderão ser cruciais na mitigação do abandono escolar e na promoção da inclusão social, por exemplo, através da realização de programas que visem a integração de jovens em risco. Porque a educação de qualidade começa quando todas as crianças e jovens têm acesso a iguais oportunidades, independentemente da sua origem social ou económica.
Mas nem só dentro de portas se age sobre este desafio. Apostar na educação – formação é, também, investir em iniciativas de apoio à educação em regiões mais vulneráveis. Através de doações. Programas de mentoria ou bolsas de estudo. Apoio na melhoria das condições logísticas e de estudo em determinadas escolas. Apoio dos agentes educativos. Com exigência de legislação.
Apostar na formação contínua, é, por fim, apostar na investigação e na inovação. Porque conhecimento gera mais e melhor conhecimento. Avanço tecnológico. Melhores soluções. Maior rendimento. E produtividade. Decorrendo melhores resultados.
A Educação para a Sustentabilidade: O Futuro da Empresa e do Planeta
Falar de Educação é, também, falar de Sustentabilidade. O futuro, no geral, e o das empresas, em particular, depende, também, da capacidade destas ensinarem e promoverem práticas sustentáveis. Assim, as empresas têm de se posicionar na vanguarda e ir além da formação técnica, promovendo programas de educação ambiental, workshops sobre práticas ecológicas ou incentivos para a utilização de tecnologias verdes, entre outros.
Mas ninguém faz bem só porque nos mandam fazer. Fazemos quando acreditamos. Quando nos sentimos movidos, com propósito. Fazemos quando estamos emocionalmente ligados . Então, nestas formações, importa, essencialmente, refletir o impacto das escolhas de cada um para o planeta, para as pessoas e para as comunidades. Impelindo, quem sabe, à mudança.
A acrescer, as empresas podem integrar os princípios dos ODS nas suas ações diárias, criando um um modus operandi mais sustentável, ao mesmo tempo que educam, de forma, mais ou menos, conscientizada (à luz de Paulo Freire) os seus colaboradores sobre a sustentabilidade. Sempre, nesta lógica de Fazer-Aprender.
Porém, para que a contribuição das empresas para a educação seja ainda mais eficaz, recordamos que é essencial comunicar as boas práticas realizadas e os respectivos resultados. Hoje em dia, o que não tem evidências, não existe. Mas comunicada, qualquer atuação pode ter efeitos multiplicadores. Como? Ao comunicar com transparência as boas práticas, as empresas inspiram. Colaboradores, parceiros e clientes. E, ainda, outras empresas. E, assim, pelos resultados em cadeia, “até a dormir” as empresas alavancam impacto.
Empresas. Educação. Transformação
Investir na educação é, antes de mais, investir no futuro — um futuro mais justo, mais igualitário e mais sustentável.
O ODS4 é um convite às empresas. Para que estas se tornem, não apenas impulsionadoras de desenvolvimento económico, mas, antes, pilares da transformação social e educacional. Não se trata, apenas, de apoiarem uma causa mas de fazerem da educação uma estratégia central para o crescimento e sustentabilidade das empresas. Do Planeta. E das Pessoas. Mais do que cumprirem um objetivo global, as empresas tornam-se reais agentes de mudança, contribuindo para um mundo melhor e mais preparado para os desafios que virão.
Não é preciso fazer tudo o que há para fazer. Mas há que começar a fazer. Malala Yousafzai, lembra-nos que cada ação, por mais pequena que pareça, pode ter um impacto transformador.
Comecemos já. Porque a educação não é apenas o caminho para o futuro. Ela é o próprio futuro.
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Opinião: A Saúde Não é um Luxo – O papel das empresas | ODS 3







































